O relatório do secretário-geral das Nações Unidas (ONU) de 2025 sobre Cooperativas em Desenvolvimento Social estabelece uma série de recomendações políticas para que os estados-membros reforcem o papel das cooperativas na obtenção de um crescimento sustentável e no avanço dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS).
Ariel Guarco, presidente da Aliança Cooperativa Internacional (ACI), saudou o relatório dizendo:
“Como aponta o Relatório do secretário-geral da ONU sobre Cooperativas em Desenvolvimento Social, vivemos em um mundo cada vez mais polarizado e impactado pelo fracasso institucional. Neste contexto, o relatório apresenta, com razão, as cooperativas como um ativo estratégico. Saudamos as recomendações do relatório para apoiar o crescimento sustentável e o desenvolvimento de cooperativas e esperamos lançar o Manifesto e o Plano de Compromisso do Círculo de Liderança de Cooperativas e Mútuas (CM50), a Estratégia ACI 2026-2030 e a edição de 2025 do Monitor Cooperativo Mundial na Cúpula Social Mundial em Doha, Catar, em novembro deste ano”, disse ele.
O relatório destaca a urgência da ação, pois apenas 20% das metas mensuráveis de ODS estão atualmente em andamento para 2030. Também descreve como as cooperativas contribuem para erradicar a pobreza, fornecer trabalho decente e reconstruir a coesão social e a confiança. Exemplos citados no relatório incluem: cooperativas sociais na Itália, que criam emprego inclusivo para pessoas desfavorecidas; povos indígenas cooperativas nas Américas; projetos cooperativos liderados por jovens na África; e cooperativas de apoio a residentes seniores na região Ásia-Pacífico.
Já que 2025 é o Ano Internacional das Cooperativas (IYC), o relatório também destaca algumas das principais iniciativas e uma série de atividades nacionais e regionais que aumentaram a conscientização pública e política sobre o modelo cooperativo. Para continuar o ímpeto do Ano Internacional das Cooperativas e dimensionar a contribuição cooperativa para o desenvolvimento social, o secretário-geral da ONU pede aos governos que adotem várias recomendações, incluindo:
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Rever e reformar as leis cooperativas, garantindo sua autonomia, tributação justa e acesso ao capital para as cooperativas;
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Integrar as cooperativas nos planos nacionais de desenvolvimento, reconhecendo-as como atores-chave na consecução dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável e dos resultados da Cúpula Social Mundial;
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Fornecer apoio orçamental direcionado para aumentar a capacidade das cooperativas e incluir as cooperativas em estratégias setoriais (por exemplo, agricultura, saúde, educação e emprego), em particular aquelas lideradas por populações marginalizadas, incluindo mulheres, jovens, povos indígenas e pessoas com deficiência;
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Colaborar com organismos internacionais, incluindo o Comitê para a Promoção e Avanço de Cooperativas e outras organizações especializadas que promovem cooperativas, para mapear o ecossistema cooperativo e desenvolver indicadores robustos para rastrear seu impacto social, econômico e ambiental;
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Apoio cooperativas, treinamento, desenvolvimento de liderança, inovação digital e acesso ao mercado para melhorar o impacto econômico e social das cooperativas para reduzir a pobreza, criar trabalho decente e promover a justiça social e inclusão na sociedade.
O relatório conclui enfatizando “o papel transformador que as cooperativas podem desempenhar no apoio aos países na realização das Metas, ao mesmo tempo em que apoiam os resultados da Cúpula Social Mundial.” Isso representa uma reafirmação poderosa dos compromissos assumidos no primeiro Cúpula Mundial para o Desenvolvimento Social em Copenhague, em 1995, onde as cooperativas foram explicitamente reconhecidas no Declaração Política de Copenhague como instrumentos vitais para a erradicação da pobreza, geração de emprego e integração social.
O relatório também elogia o trabalho de organizações internacionais, incluindo o Comitê das Nações Unidas para a Promoção e o Avanço das Cooperativas (COPAC), que está avançando nas estatísticas, pesquisas e capacitação das cooperativas, e o CM50, uma iniciativa da Aliança Cooperativa Internacional, que está preparando compromissos concretos para a Cúpula Social Mundial, reforçando o papel do setor na abordagem dos desafios globais.
Qual o próximo passo?
A ONU há muito tempo vê o movimento cooperativo como um parceiro-chave no avanço do desenvolvimento social e as cooperativas como empresas muito adequadas para acelerar a realização dos ODSs. A Assembleia Geral da ONU vem adotando resoluções relativas a cooperativas em desenvolvimento social desde a década de 50 e o faz sistematicamente a cada dois anos desde 1992.
No seguimento, o Secretário-Geral submeterá este relatório à apreciação da Assembleia Geral, a fim de que os Estados-Membros adotem uma resolução que solicite aos governos e aos parceiros de desenvolvimento que implementem as recomendações do relatório e reforcem as cooperativas para realizarem o seu pleno potencial de desenvolvimento inclusivo e sustentável. Os governos e parceiros são incentivados a usar o relatório como um roteiro para compromissos concretos e com prazos estabelecidos antes da Cúpula Social Mundial.
A ACI mobiliza seus membros para traduzir as recomendações do relatório em propostas políticas acionáveis e programas de capacitação para envolver seus governos e parceiros de desenvolvimento, para apoiar a defesa nacional para a adoção e implementação das medidas do relatório.
Leia a reportagem completa Cooperativas em Desenvolvimento Social ((S)A/80/168) disponível nas seis línguas oficiais da ONU aqui: https://social.desa.un.org/publications/cooperatives-in-social-development-2